quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

ONU acusa Vaticano de 'sistema de ocultação' de abusos contra crianças

A Organização das Nações Unidas (ONU) acusa o Vaticano de manter um "sistema de ocultação" de crimes sexuais contra crianças, de não colaborar com a Justiça e pede que a Santa Fé revele qual a dimensão dos casos envolvendo padres pelo mundo.
Comitê de Direitos das Crianças examina ações do Vaticano - Jamil Chade/Estadão
Jamil Chade/Estadão
Comitê de Direitos das Crianças examina ações do Vaticano
Nesta quinta-feira, 16, o papado de Francisco enfrenta seu primeiro grande teste internacional ao ser examinado pelas Nações Unidas sobre o que tem feito para proteger crianças contra abusos sexuais.
O Vaticano admitiu na manhã desta quinta-feira, 16, na Organização das Nações Unidas a existência de abusos sexuais cometidos pelo clero contra crianças e alerta que os crimes "não podem ser ignorados por outras prioridades ou interesses".
Mas os relatores da ONU querem mais transparência por parte do Vaticano. Sara Oviedo Fierro, relatora da ONU, foi uma das que lideraram o questionamento. Segundo ela, a Igreja mantém 200 mil escolas pelo mundo, com 50 milhões de alunos.
"O que tem sido implementado de fato? Quantas pessoas foram consideradas culpadas? Quantos padres foram entregues para a Justiça", questionou.
Fierro apontou que sanções adotadas pelo Vaticano são vistas como não sendo da mesma magnitude do crime e que o "interesse do clero parece ser mais importante do que o interesse da criança". "Existe um sistema de ocultação dos crimes", acusou.
A relatora ainda acusa o Vaticano de não estar divulgando os números reais do problema. "Vocês estão dispostos a expor a dimensão do problema ao mundo? Vocês sabem o número de casos. Por que não difundir?"
Silvano Tomasi, núncio do Vaticano na ONU, confirmou na manhã desta quinta-feira, 16, que a Santa Sé tem modificado suas leis e, nos últimos meses, abriu um processo contra um funcionário por abusos sexuais contra crianças fora do território da Cidade do Vaticano. "Não há desculpas. Esses crimes não têm justificativa nas estruturas da Igreja", insistiu.
Usando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tomasi indicou que 150 milhões de meninas pelo mundo são alvo de abusos sexuais em diferentes instâncias da sociedade, além de 73 milhões de garotos, numa tentativa de mostrar que o problema não é apenas da Igreja. Tomasi pediu que a ONU faça sugestões para "ajudar" na luta contra o problema e garantiu que novas medidas estão sendo tomadas.
"Os abusos são cometidos pelo clero e outros funcionários da Igreja. Isso é muito sério, porque estão em posição de confiança e devem proteger a criança", disse. "Essa relação é de confiança e por isso é crítica", acrescentou.
O Vaticano aderiu ao tratado que protege menores em 1990 e, em 1994, apresentou uma série de informações para a ONU. Mas passou a permanecer em silêncio até que, em 2012, voltou a dar satisfações para a entidade.
A ONU pediu agora que o Vaticano entregasse detalhes de todos os casos conhecidos de abusos sexuais contra crianças. O número estimado seria de 4 mil. Mas a Santa Sé aponta que é responsável pela implementação do tratado de proteção a menores apenas dentro do seu território, a Cidade do Vaticano, onde vivem 31 crianças.

ESTADAO.COM.BR

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