quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

MORTE EM HOSPITAL EVANGÉLICO EM CURITIBA

         
  • Henry Milléo/Gazeta do Povo/Futura Press
    Médica chefe da UTI do hospital Evangélico de Curitiba (PR) é presa por suspeita de cometer eutanásia
Médica chefe da UTI do hospital Evangélico de Curitiba (PR) é presa por suspeita de cometer eutanásia
A polícia trata como "homicídios" as mortes suspeitas ocorridas na UTI (unidade de terapia intensiva) do Hospital Evangélico, o segundo maior de Curitiba. A informação foi dada nesta quarta-feira (20) pela delegada-titular do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola.
"Investigamos a antecipação de mortes dentro da UTI geral. Não falamos em eutanásia (provocar a morte a pedido ou com consentimento do paciente ou familiares). Para nós, trata-se de homicídios", afirmou. Suspeita de provocar as mortes, a diretora médica da UTI, Virginia Helena Soares de Souza, está sob prisão preventiva desde a terça-feira (19).
O delegado-geral de polícia do Paraná, Marcus Vinícius Michelotto, afirmou que há "provas, indícios de autoria e materialidade" contra a médica. Questionado a respeito, ele disse que nenhuma das mortes investigadas até aqui pela polícia teve o consentimento de pacientes ou familiares. "A motivação ainda está sendo averiguada, não sabemos se é pessoal ou alguma outra. Em alguns dias, será esclarecida", afirmou.

"Obviamente, ela não fazia isso sozinha. Todas as pessoas que trabalham ou trabalharam na UTI geral estão sendo investigadas, bem como todas as mortes que ocorreram ali desde 2006 (ano em que Virginia tornou-se diretora da unidade", disse Michelotto. "Se for necessário, haverá exumação de corpos [de pacientes mortos na UTI do Evangélico", afirmou Paula.

Um ano

O delegado-geral confirmou que a polícia investiga diferenças no tratamento oferecido a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). "Há indícios disso", disse. Segundo Michelotto, a investigação teve início há cerca de um ano, a partir de denúncias recebidas pela Ouvidoria Geral do Estado. 
Como o processo corre sob sigilo, a pedido da própria polícia, nem ele nem a delegada-titular do Nucrisa entraram em detalhes na entrevista à imprensa concedida nesta quarta (que, a princípio, deveria ser comandada pelo secretário da Segurança Pública Cid Vasques, que ontem cancelara evento semelhante convocado pela polícia).
"O segredo de justiça foi solicitado por mim, durante a investigação, pois poderia haver comoção pública, gerar insegurança, e para garantir intimidade das partes", disse Paula. "Todas as medidas relacionadas à segurança da saúde estão sendo tomadas para impedir irregularidades e crimes", afirmou.
Em nota oficial emitida no fim da tarde, a direção do Hospital Evangélico informou que " já atuou no sentido de promover mudanças na equipe de profissionais" na UTI que era dirigida por Virginia. Segundo a nota, "o hospital mantém quatro UTIs, totalizando 50, e cada uma tem uma estrutura e equipe independente. O problema levantado é pontual em uma delas".
Ainda segundo o hospital, dois profissionais designados pela Secretaria Municipal da Saúde acompanham diariamente a UTI. O Evangélico "conta com um corpo clínico de mais de 300 profissionais médicos, de alta qualidade e de reconhecida capacitação, e que não devem ser julgados pelo fato ocasional investigado de uma profissional", informou o texto.

"Indícios suficientes"

A delegada não soube informar quantos casos estão sob investigação, mas garantiu haver "indícios suficientes" no inquérito para que fosse pedida a prisão da diretora da UTI do Evangélico. "A prisão é uma medida cautelar, necessária para a investigação. É uma decisão embasada pela Justiça, fundamentada em indícios", afirmou.
Apesar disso, ela adminiu que a polícia ainda "colhe provas" para comprovar os crimes – o que gerou críticas do advogado criminalista Elias Mattar Assad, que defende a médica e assistiu à entrevista.
"A investigação tem cerca de um ano, mas apura fatos anteriores. Ainda trabalhamos na colheita de provas, mas pedimos a prisão preventiva para evitar danos à vida ou à saúde de pacientes", explicou a delegada. Após a prisão da médica, a polícia passou a receber novas denúncias de possíveis mortes suspeitas ocorridas na UTI do Evangélico. 

Equipamentos desligados

Michelotto lembrou que algumas denúncias já haviam chegado à imprensa – caso de João Carlos Siqueira Rodrigues, que morreu em agosto passado, ao 38 anos, porque um funcionário teria desligado o aparelho responsável pela respiração artificial dele. Em outubro, após sindicância, o próprio hospital admitiu responsabilidade no caso.
"Hoje, por exemplo, numa emissora de televisão, um atestado de óbito [de paciente da UTI] em que o médico anotou que, quando chegou para confirmar a morte, os equipamentos [de suporte à vida] já estavam desligados. Isso não seria comum, não seria a praxe", confirmou Michelotto. "Vamos investigar todas as situações que aparecem, em novos inquéritos", garantiu Paula.
Mesmo que a suspeita de homicídios na UTI seja confirmada, o hospital não deverá ser responsabilizado pelo caso. "Apenas indivíduos podem ser responsabilizados criminalmente", justificou a delegada.

FONTE . http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/02/20/foi-homicidio-diz-delegada-sobre-medica-suspeita-de-apressar-morte-de-pacientes-em-curitiba.htm

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