terça-feira, 30 de outubro de 2012

O reinado de Davi - Cronologia da Bíblia



1004 AC – (Anno Mundi 2892) – Davi conquista Jerusalém
Jerusalém coube como herança à Tribo de Benjamin (Js 18:28). Conforme Js 10, Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém na época da entrada de Israel em Canaã, arregimentou outros quatro reis da região, a saber: Hoão, rei de Hebrom, Pirão, rei de Jarmute, Jafia, rei de Laquis e Debir, rei de Eglom, para atacar os gibeonitas que haviam feito paz com Israel.

Josué foi ao combate a estes reis e os derrotou naquele que chamamos o mais longo dos dias. No entanto, a cidade de Jerusalém permaneceu intocada, uma vez que a batalha se travou às portas de Gibeon e “Não puderam, porém, os filhos de Judá expulsar os jebuseus que habitavam em Jerusalém”. (Js 15:63)
Conforme Jz 1:7-8, ainda nos tempos de Josué, as tribos de Judá e Simeão atacaram a cidade e a incendiaram na guerra contra os cananeus, mas a cidade continuou a ser habitada pelos jebuseus uma vez que não cabia nem a Judá nem a Simeão ocupá-la.
Coube a Davi tomá-la, por volta de seu sexto ano de reinado, conforme nos relata 2 Sm 5: 5-9: “Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses, e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá.
E partiu o rei com os seus homens a Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra; e falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, pois os cegos e os coxos te repelirão, querendo dizer: Não entrará Davi aqui. Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi. Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir aos jebuseus, suba ao canal e fira aos coxos e aos cegos, a quem a alma de Davi odeia.
Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa. Assim habitou Davi na fortaleza, e a chamou a cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde Milo para dentro.”
Davi passou a reinar de Jerusalém a partir do Anno Mundi 2893, descontados 33 anos desde a data de sua morte.
998 AC – (Anno Mundi 2898) – a Arca é transferida para Jerusalém
Conforme vimos, a Arca foi tomada pelos filisteus no Anno Mundi 2878 e veio a permanecer em Quiriate-Jearim apor 20 anos, até que Davi a transportasse para Jerusalém, o que veio a acontecer no Anno Mundi 2898 (2878 + 20). Seria então, o 13º ano de reinado de Davi, em seu 6º ano reinando em Jerusalém.

998 AC a 993 AC – (Anno Mundi 2898 a 2903 A.M.) – as guerras de Davi
Davi empreendeu um longo período de guerras contra os filisteus, moabitas, e os reis ao norte e sul de Israel, estendendo desta forma as fronteiras de Israel até além do Rio Eufrares (2 Sm 8:1-3).

Tomou o que seria hoje a faixa de Gaza e sujeitou os filisteus. Consolidou as fronteiras da Tribo de Rubem com o território de Moabe, ficando tanto estes quanto os filisteus tributários de Israel. Empreendeu uma campanha de sucesso em direção ao norte de Israel, contra o reino de Zobá, estendendo as fronteiras até o Rio Eufrates, dominando a Siria, quando esta saiu em defesa de Hadadezer, rei de Zobá.
Também a Siria passou a pagar tributos a Israel (2 Sm 8:5-6). Davi sujeitou também os amonitas e amalequitas (2 Sm 8:12) consolidando as fronteiras da transjordânia e junto com os irmãos Joabe e Absai conquistou os edomitas ao sul (1 Cr 18:12-13).
As fronteiras consolidadas por Davi eram as mesmas prometidas por Deus a Abraão, conforme Gn 15:18: “fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”.
Deus relembrou a Josué as mesmas fronteiras quando Israel entrou em Canaã: “Para Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo. Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria” (Js 1:3-6).
As fronteiras estabelecidas por Davi subsistirão até o fim dos dias de Solamão.
993 AC – (Anno Mundi 2903) – Davi engravida Bate-Seba
Ao fim da guerra contra os amonitas, Rabá, a capital de Amon ainda estava em pé e cabia a Davi conquistá-la definitivamente.

Por uma razão desconhecida, Davi, ao invés dele próprio liderar a conquista de Rabá, envia Joabe, comandante de seu exército, para tomar a cidade e permenece ele próprio em Jerusalém.
É nesta circunstância que ele toma Bate-Seba e a engravida. É bastante conhecido o desenrolar da história que culmina com o assassinato de Urias, o heteu, marido de Bate-Seba.
Tempos depois da morte de Urias a cidade veio a ser conquistada e Joabe chama Davi para que ele mesmo entre na cidade como conquistador de Rabá.
992 AC – (Anno Mundi 2904) – nascimento de Salomão
Conforme 2 Sm 11:27 Davi tomou depois da morte de Urias Bate-Seba como esposa e ela gerou Salomão. Podemos supor que Salomão tenha nascido no ano seguinte à morte de Urias.

981 AC – (Anno Mundi 2915) – Absalão toma o poder
De acordo com a lei de Moisés escrita em Lv 20:10, deveriam ser punidos com a morte tanto Davi quanto Bate-Seba, porém foram ambos poupados.

No entanto, a pesada sentença pronunciada pelo profeta Natã causou efeitos que vieram a durar por toda a vida de Davi: “Porque, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.
Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.
Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás.” (2 Sm 12:9-13).
A sentença de Natã se concretizou dentro da própria casa de Davi, começando com o assassinato de Amnon por seu próprio irmão Absalão, que posteriormente viria a tomar o reino de Davi e possuir à luz do dia todas as concubinas de seu pai.
Amnon seria no inconsciente popular o sucessor de Davi por ser o seu primogênito. Podemos supor então, que a vingança de Absalão pela violação de sua irmã não foi uma atitude meramente passional, mas um ato possivelmente planejado de eliminação do mais provável sucessor de direito ao trono de Israel, uma vez que Absalão, como mostram os fatos subsequentes, tinha para si a ambição de reinar sobre Israel.
Dois anos após a violação de sua irmã, Absalão matou Amnon, fugindo para Gesur, terra dos parentes de sua mãe. Lembremos que Absalão, filho de Davi, era neto de Talmai, rei de Gesur (2 Sm 3:3).
Absalão viria a permanecer ali por 3 anos (2 Sm 13:38), após o que Davi consentiu que Joabe, comandante do exército de Israel, trouxesse o jovem de volta a Jerusalém.
Passaram-se dois anos até que Davi se avistasse com Absalão (2 Sm 14:33) e o perdoasse, e quatro anos mais, para que Absalão, sobre o pretexto de fazer sacrifícios em Hebrom (2 Sm 15:7), saisse de Jerusalém e fizesse um levante contra Davi, o que obrigou o rei a fugir de Jerusalém com toda sua família. 2 Sm 15:7 estabelece que foram quatro anos o tempo passado entre o perdão de Davi e a saída de Absalão para presumidamente ir sacrificar em Hebrom. Algumas versões traduzem como 40 anos, o que é bastante improvável.
Temos, desta forma, que o golpe de Absalão veio a acontecer cerca de 11 anos após o nascimento de Salomão, no 30º ano de governo de Davi, no Anno Mundi 2915, mesmo ano em que Absalão veio a ser morto por Joabe (2 Sm 18:14).
972 AC – (Anno Mundi 2924) – Davi faz o censo de Israel
2 Sm 24:1 nos diz que Davi resenceou o povo e por esta causa Israel foi severamente punido. Não há muitas explicações que nos permitam entender por qual razão Deus estava contrariado com Israel. Foi o último ato de governo de Davi, um ano antes da sua morte.

971 AC – (Anno Mundi 2925) – Adonias se autoproclama rei e Davi constitui Salomão seu sucessor
Adonias, o quarto filho de Davi, nascido em Hebrom, vendo que seu pai estava velho, e contando com o apoio de Joabe (1 Rs 1:7), comandante dos exércitos de Israel e do sacerdote Abiatar, auto-proclamou-se rei de Israel.

Davi tinha neste tempo 70 anos, idade que não justificaria seu estado de prostração, não fosse o tipo de vida que levou, não somente por causa das muitas privações que passou durante as guerras que lotou, como também pelos muitos dissabores emocionais que enfrentou em sua vida privada, tanto pelas decisões infelizes que tomou como pela turbulenta vida familiar.
1 Rs 1:17 nos mostra que Davi já havia feito um juramento a Bate-Seba de empossar Salomão como seu sucessor, o que ele cumpre, estimulado pelo profeta Natã (1 Rs 1:22-40).
971 AC – Anno Mundi 2925) – morte de Davi
Conforme 2 Sm 5:5, Davi reinou em Hebrom sete anos e seis meses, e em Jerusalém reinou trinta e três anos, o que totaliza quarenta anos e meio (entre 2885 A.M. e 2925 A.M.), sobre todo o Israel e Judá, concluindo-se desta forma, que Davi reinou seis meses no seu ano de ascensão, e transferiu, próximo de sua morte, de forma tardia e conturbada o reino para Salomão.

Em 1 Rs 2:1-12 vemos as instruções que Davi deu a Salomão antes de sua morte: que seguisse pelo caminho de Deus, e que fizesse justiça a algumas pessoas que lhe haviam causado muitos males.
A vida de Davi para com Deus foi irrepreensível até os acontecimentos que o levaram a matar Urias. Ve-se, de fato, um profundo arrependimento por este ato publicado nas palavras do Salmo 51, que tracionalmente se credita terem sido escritas por Davi depois e por causa da morte de Urias. Como sabemos, Deus o perdoou, mas fez com que as consequências de seu ato perdurassem por toda sua vida.
Davi, próximo de morrer, instruiu Salomão a matar Joabe, comandante de seu exército, justificando que este, por sua vez, havia matado dois homens melhores que ele, a saber, Abner e Amasa (1 Rs 2:32).
Recomendou também a Salomão que fizesse justiça a Simei que o amaldiçoou quando fugia de Absalão. O próprio Davi, quando aconteceu este fato, impediu Absai de matar Simei (2 Sm 19:21) porque entendia que a maldição que este lançava contra ele vinha de Deus, mas aparentemente mudou de ideia em seus últimos dias de vida.
Joabe de fato matou Abner por vingança porque este havia matado Asael, seu irmão, e matou Amasa porque este fora o chefe do exército de Absalão em sua tentativa de tomar o trono de Davi, e mesmo assim, depois disto, Davi fez dele chefe de seu exército em lugar de Joabe (2 Sm 19:13).
Joabe não só matou o novo comandante do exército, como continuou a liderar o exército de Israel, mesmo contra a vontade aparente de Davi.
Há que se notar que Joabe prestou grandes serviços a Davi ao lado de quem lutou todas as guerras e sempre lhe foi fiel.
Davi não se lembrou de mencionar uma coisa de fato concreta, quando instruiu o novo rei: que Joabe apoiara Adonias na sua tentativa de reinar sobre Israel em lugar de Salomão, o que, de uma certa forma, poderia ser pretexto para sua exclusão do círculo de sua confiança, mas nunca de morte a um homem que lhe fora como que o braço direito e de muitas maneiras, o instrumento usado por Deus para garantir-lhe o trono.
Mas é Joabe a maior testemunha sobre a morte premeditada de Urias; é a ele a quem Davi manda que o próprio Urias leve sua sentença de morte quando lutava para conquistar a cidade de Rabá.
Joabe não é nomeado entre os valentes de Davi no relato de 2 Sm 23:8-39, mas Urias, paradoxalmente lá está.
A vida de Davi é uma prova irrefutável da superioridade do Novo Pacto estabelecido por Deus por meio de Jesus para com seu povo. Davi viveu pela lei, e embora fosse o homem segundo o coração de Deus, não se dá conta que não está em posição de acusar, mas sim, necessitado de perdão.
Ao invés buscar perdão, remoia ainda o pecado cometido contra Urias e tentava apagar de uma forma inútil a mais presente testemunha de seus erros. É uma lição para todos nós.
Davi foi o maior dos rei de Israel. O Novo Testamento, em muitas passagens chama Jesus de Filho de Davi, de quem descende o Senhor tanto pelo lado materno, na ascendência até Natã, filho de Davi, como pelo lado de José, seu pai por adoção, descendente de Salomão.
É nisto que reside a beleza da graça divina: o homem segundo o coração de Deus não é mais nem menos do que aquilo que podemos ser todos nós: pecadores debaixo da graça de Deus.

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