segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Adultescentes: uma igreja preparada para eles

Por John Piper

Christian Smith, professor de sociologia na Universidade de Notre Dame, escreveu, no livro Books and Culture, uma crítica sobre o novo fenômeno da “adultescência” - que é o prolongamento da juventude até a casa dos trinta anos. Quero relacionar esse fenômeno com a igreja. Mas antes segue um resumo do artigo de Smith, sobre que fenômeno é esse e como ele surgiu.

Definição
O que é “adultescência”?
Smith diz: “Adolescência” enquanto uma representação de um estágio de vida é uma invenção do século 20, criada em função das mudanças ocorridas pela educação em massa, leis sobre o trabalho infantil, urbanização, consumo em massa e mídia. Dessa maneira, um novo e importante estágio na vida, situado entre a adolescência e uma vida plenamente adulta, surgiu em nossa cultura nas últimas décadas – remodelando o significado do ser, da juventude, dos relacionamentos e dos comprometimentos da vida, assim como uma variedade de comportamentos e tendências entre os jovens.

O que resultou dessa nova situação tem recebido vários nomes como “adolescência tardia”, “adultescência” e “adultos emergentes”.

Causas
Um modo de descrever esse grupo é destacar a tendência em retardar a maturidade ou em permanecer com uma mentalidade imatura por mais tempo do que o esperado. Smith sugere as seguintes causas que contribuíram para a demora em alcançar a maturidade e a vida adulta responsável.

1. A primeira causa está no aumento da procura pelo ensino superior. As mudanças na economia Americana, o programa GI Bill1, e os subsídios governamentais para as universidades levaram, na segunda metade do século passado, a um aumento dramático na procura por cursos universitários pelos jovens formados no ensino médio. Mais recentemente, muitos sentem-se pressionados – por causa do sonho americano – a fazer outros cursos além da faculdade. Como resultado disso, uma grande parte da juventude americana não encerra os estudos para iniciar uma carreira aos 18 anos, mas estão prolongando a vida acadêmica até a casa dos vinte anos. E aqueles que almejam uma especialização – os que concentram o poder para moldar nossa cultura e sociedade – continuam estudando até a faixa dos trinta anos.

2. A segunda causa crucial para o aumento do número dos “adultescentes” é o atraso do casamento na sociedade americana nas últimas décadas. Entre 1950 e 2000, a idade média para o primeiro casamento era entre 20 a 25 anos para as mulheres. Para os homens da mesma época, a média era entre 22 e 27 anos. O aumento mais significativo dessa média aconteceu depois de 1970. Há 50 anos atrás a maioria dos jovens estavam ansiosos para sair do ensino médio, casar e sossegar, ter filhos e iniciar uma carreira longa. Mas hoje, especialmente os homens esperam pelo menos uma década entre a saída do ensino médio e o casamento, período em que exploram as muitas opções de vida oferecidas por uma liberdade sem precedentes.

3. A terceira transformação social que contribuiu para a maturidade tardia como uma fase distinta de vida, diz respeito a mudanças na economia americana e global. Esse cenário minou a estabilidade das longas carreiras, transformando-as em empregos inseguros e altamente rotativos que exigem novos treinamentos. A maioria dos jovens hoje sabe a importância de iniciar a vida profissional com diferentes habilidades, muita flexibilidade e capacidade de adaptação. Isso por si só já pressiona a juventude a aumentar a escolaridade, atrasar o casamento e a ter uma tendência psicológica discutível de maximizar as oportunidades e procrastinar compromissos.

4. Finalmente, e em parte como uma resposta a todas as mudanças acima, os pais da juventude atual, cientes dos recursos necessários ao sucesso, parecem estar cada vez mais desejosos de prolongar a ajuda e suporte financeiro aos filhos por mais tempo, até os trinta anos.


Características
As características dos jovens entre 18-30 anos produzidas pelas mudanças acima, incluem:
1. Exploração da identidade;
2. Instabilidade;
3. Foco em si mesmo;
4. Sensação de estar no limbo, em constante transição;
5. Senso de possibilidades e oportunidades, e esperança sem paralelos;
6. Tudo isso vem, é claro, acompanhado de grandes doses de confusão, ansiedade, melodrama, conflito, decepção e senso de efemeridade.

Resposta da igreja
Como a igreja deve responder a isso? Como a igreja pode responder a esse fenômeno cultural? Aqui seguem algumas sugestões:

1. A igreja deve encorajar a maturidade e não o contrario. “Não sejam como meninos no juízo, na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos” - 1 Co 14:20. A igreja enfatizará que a maturidade não significa estar fora da escola, mas que é possível desenvolvê-la enquanto se estuda.

2. A igreja apoiará aqueles que tem o chamado para permanecerem solteiros, da mesma maneira que não encorajará uma espera longa para aqueles que desejam se casar, mesmo que ainda estejam estudando. A igreja incentivará uma vida com flexibilidade e fé e resistirá a ideia de que a flexibilidade profissional só é possível após longos anos de experimentação.

3. A igreja ajudará os pais a prepararem seus filhos para serem financeiramente independentes por volta dos 22 anos (ou menos), desde que estes não sejam pessoas com deficiência. A igreja proverá segurança e estabilidades para os jovens que se identificam com ela.

4. A igreja providenciará semanalmente um ensino abrangente, inspirador e formador que leve ao amadurecimento da mente. A igreja encorajará uma rede de relacionamentos sérios e maduros. A igreja será uma comunidade de pessoas que acreditam em Deus, em Sua Palavra e ordenanças e motivará experiências regulares de significância universal.

5. A igreja será como um farol da verdade para ajudar os jovens adultos a atravessarem o mar revolto e nebuloso das incertezas culturais. A igreja ressaltará o senhorio de Cristo na vida dos jovens, pois eles não devem dependem somente do “papai e da mamãe” para receberem orientação.

6. A igreja proverá oportunidades para liderança e serviço que levem à responsabilidade e maturidade de seus jovens adultos. A igreja continuamente encorajará uma perspectiva centrada em Deus, tanto na vida acadêmica como na vida profissional.

7. A igreja incentivará a importância da castidade na vida de solteiro, bem como a fidelidade e santidade na vida conjugal. A igreja engrandecerá incansavelmente a maturidade e força resultantes de um caráter jovem fundamentado nas Escrituras Sagradas.

Assim, oro para que o Senhor Jesus, através de sua igreja, traga uma alternativa cultural atraente e poderosa para os adultos emergentes. Essa opção de contracultura trará mais estabilidade, clareza de identidade, sabedoria profunda e flexibilidade dependentes de Cristo. Além disso, incentivará o jovem adulto a não pensar somente em si mesmo, estar pronto para a responsabilidade ao invés de somente fazer exigências, e ter consciência de que eles podem vir a sofrer e mesmo assim não retribuir o mal com o mal. E finalmente, nunca perder a alegria em Deus, reconhecendo que a vida é curta e que depois disso haverá o julgamento, fazendo o bem e permanecendo firmes até a recompensa celeste.

Por: John Piper. © Desiring God. Website: www.desiringGod.org.
Traduzido e adaptado por: Eliane Peraza Costa Mendes.

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