quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Entrevista com Marcelo Rebello - O Boom da Música Gospel É Processo Natural

Entrevista com Marcelo Rabello - A fé como marketing no mercado da música gospelRecentemente, as TVs abertas estão colecionando erros e acertos na tentativa de buscar audiência apelando para a fé das pessoas. é notável o crescimento de programas voltados especificamente para o público evangélico, como “Domingo Maior” e a última tentativa da Record, “The Love School”.
 
Em busca do público jovem, as emissoras também têm apostado forte nas atrações musicais gospel. Recentemente, até a emissora Globo que nunca havia tido um programa do gênero, já confirmou um especial com cantores gospel, que inclusive, pode virar uma atração semanal.
Mas como lidar com este “bum” do mercado da fé? Como não cair em tentação em um mercado que envolve tanto dinheiro e glamour? E como manter os princípios de Deus em meio à esse novo turbilhão?
Sobre isso, conversamos com o jornalista e publicitário, Diretor de Marketing do Salão Internacional Gospel e do Grupo MR1, Marcelo Rebello, 39, que deu a sua opinião sobre o assunto.
Ele foi responsável pelo marketing e assessoria de imprensa de muitos cantores conhecidos. Se apaixonou por música aos 9 anos e nunca se desvinculou. Seu último trabalho de destaque foi como patrocinador do concurso “Tem um cantor gospel lá em casa”, veiculado no programa Eliana, do SBT,que foi vice-líder de audiência por 2 meses seguidos, em pleno horário nobre de um domingo a tarde.
Para ele, a profissionalização do setor está em momento de reestruturação. “Hoje um CD Gospel, quando feito por profissionais, não deixa nada a desejar para qualquer outro estilo. A própria linguagem tem sofrido uma modificação, as músicas estão mais leves, mais pop, mas sem perder a espinha dorsal, que é levar a mensagem transformadora, de fé e esperança que a Palavra de Deus traz”.
Rebello também está a frente da da Feira Oficial da Música Gospel na América Latina, o Salão Internacional Gospel, que também está se transformando com este novo mercado. Ele aproveitou a entrevista para anunciar seu mais novo projeto, com exclusividade ao The Christian Post.
CP: O que você acredita motivar este grande “bum” da música gospel?
Marcelo Rebello: Na minha opinião, é um processo natural. Uma questão de tendência: nas últimas décadas, o crescimento dos evangélicos no Brasil tem sido contínuo e grandioso. A uma taxa de 14% ao ano, seremos praticamente a metade da população em 2020. São 220.000 templos, 55 milhões de evangélicos em 2011. é um número substancioso, que mais cedo ou mais tarde seria notado pela grande mídia.
O perfil dos evangélicos favorece o segmento, em primeiro lugar pela própria questão cultural: desde criancinha, o envolvimento com a música na liturgia e no dia-a-dia dos cristãos é notório. Estima-se que 68% dos lares evangélicos tenham alguém que canta ou toca algum instrumento musical. Mais de 98% dos evangélicos ouvem frequentemente música cristã seja em casa, no carro ou no trabalho. O percentual de pirataria é de 16%, bem menor que o do mercado fonográfico em geral (em torno de 60%).
Fazer um concurso Gospel, em horário nobre, como produzimos em parceria com o SBT, era algo inimaginável há algumas décadas atrás. Passaram por lá Cassiane, Damares, Diante do Trono, Oficina G3, Fernandinho, Régis Danese, Marina de Oliveira, Fernanda Brum, Irmão Lázaro e muitos outros. Isto por si só já demonstra a força que o segmento tem.
à partir deste pontapé inicial, pudemos ver surgirem novas iniciativas, como o Troféu e o Festival Promessas que vai ser veiculado na Rede Globo e que é uma sequência do trabalho que começamos. Para nós, que estamos há tanto tempo semeando neste mercado é bom ver que finalmente estamos colhendo os frutos regados às lágrimas, esforço e dedicação.
CP: Um mercado que envolve tanto dinheiro pode acabar perdendo os valores religiosos?
Marcelo Rebello: Sem dúvida! Este é um perigo constante. Não são poucas as histórias que conhecemos de pessoas que eram humildes, centradas na fé e no amor de Cristo e que depois que fizeram um "pseudo-sucesso" deixaram-se corromper e começaram a ver-se no espelho como "estrelas". Digo pseudo-sucesso pelo simples fato de que a fama terrena é efêmera, independentemente do segmento. Ainda mais no caso do Gospel, em que, em tese, a tônica deveria ser primeiro o compromisso espiritual e, logo em seguida, o material.
é óbvio que existem em nosso meio muitas pessoas sérias, profissionais, comprometidas com o mercado e com Deus. Mas há também os que querem aproveitar a onda para mergulharem de cabeça nos santos lucros... No entanto, eu tenho consciência de que "Deus não divide a sua glória com ninguém". Quem for sério, vai permanecer e ter galardão. Quem estiver nessa só pelo dinheiro ou pela fama, com certeza, mais dia menos dia vai desaparecer assim como está escrito na Bíblia: "Não tenha inveja dos ímpios, pois um dia você vai olhar para o lado e já não existirão". Nesse meio em que atuamos existem muitos ímpios com pele de cristão, lobos com pele de ovelha.
O que é fato é que, independentemente da motivação do cantor, banda, bispo ou ministério, a mensagem da Palavra de Deus está sendo levada, e ela nunca volta vazia.
Quem acompanhou tudo desde o começo, sabe muito bem que para nós, que viemos da época em que nem bateria podia-se tocar em muitas igrejas, o atual estágio de visibilidade da Música Gospel é algo a se comemorar. A real missão da fé é o amor à Deus e ao próximo. é isso que Deus espera das pessoas e daqueles que levam o ministério musical.
Costumo dizer que a verdadeira liberdade só é alcançada quando obedecemos a vontade de Deus em nossas vidas, abrindo mão de nossos conceitos terrenos e priorizando o compromisso espiritual. O dinheiro é uma consequência de um bom trabalho, é um fim e nunca deve ser o motivo. Se é bom, fica. Se é fumaça, vai desaparecer com o tempo.
CP: Programas de TV que mostram a música gospel traz uma boa imagem para o estilo?
Marcelo Rebello: Tudo ajuda no que diz respeito a divulgação. No entanto, devemos ter cautela e bom senso. Principalmente com a forma que projetamos nossa imagem na mídia. A questão não é aparecer mas de que forma aparecer. Acho que nossos líderes e artistas precisam andar mais próximos de profissionais de comunicação que tenham responsabilidade com suas imagens. Sem esquecer também do espiritual, que estamos no mundo mas não pertencemos a ele. Somos a imagem e semelhança do nosso Criador e o que tem que prevalecer é a divulgação do evangelho.
CP: O que você pensa sobre o uso da mídia de tentar atrair o público “as custas” desta forma de espressão da fé?
Marcelo Rebello: Não gosto de pensar que o mercado de Deus seja utilizado desta forma. Usar a expressão de fé "apenas" para atrair o público é aproveitar-se da espiritualidade das pessoas para ter vantagem própria. O ideal seria que se pensasse em fazer um trabalho sério, bonito, profissional. Grandes produções com exposição midiática sempre atraem o público. A mão é inversa. Se perde muito tempo pensando em como "se aproveitar" da mídia, ao invés de se pensar em "aproveitar" a mídia com responsabilidade para expor a fé.
CP: Como poderia ser utilizada a exposição na mídia de forma positiva para a religião?
Marcelo Rebello: Como meio de se atingir a grande ordem de Cristo: levar a mensagem de fé e esperança para as pessoas. Veja bem, a mídia vive de publicidade, é isso que paga as contas das TVs, rádios, jornais, revistas, portais, etc. A audiência atrai a publicidade e justifica o investimento das empresas em determinados programas ou horários nos veículos. Se conseguirmos fazer com que novas programações, de qualidade, venham a fazer parte da grade das emissoras, o fim será atingido sem ter que perverter o meio. é uma questão de visão aliado à competência profissional. Eu glorifico a Deus e oro sempre pela vida dos diretores e donos de veículos de imprensa, pois eles estão sendo um canal de bênçãos para a disseminação da Música Gospel.
CP: Pode comparar os cantores evangélicos com os católicos? é o mesmo estilo? Quais as características que diferem, ou não?
Marcelo Rebello: Creio que existam diferenças e semelhanças. Existem muitas questões doutrinárias e dogmáticas que acabam em determinados momentos causando semelhanças e em outros diferenças.
A música, enquanto linguagem, é universal, atinge todas as camadas sem preconceito e nem distinção de cor, raça, posição social ou credo. O que convencionou-se chamar com mais ênfase de Gospel aqui no Brasil é a camada musical evangélica, mas para alguns a camada católica está inclusa neste contexto enquanto para outros não. Não ousaria fazer comparações. é um campo minado (risos). Preferiria me ater à premissa de dizer que gosto de uma boa música, com uma mensagem que traga consigo não a religiosidade, mas sim a possibilidade de comunicação com Deus, que está bem acima de nossas convicções terrenas.
Hoje em dia, com o crescimento do movimento carismático católico e o neo pentecostalismo evangélico muitas das obras musicais são executadas por ambas as vertentes. Tem muitos católicos que conheço que têm CDs evangélicos nos porta-luvas de seus carros.
CP: O que se espera do mercado gospel de hoje?
Marcelo Rebello: Que aproveite da forma certa o momento favorável para levar o nome de Cristo às pessoas que precisam de uma mensagem de fé, esperança e transformação de valores e atitudes.
O momento atual é bem peculiar, com todos os holofotes e esforços voltados à esta grande fonte de santos lucros. A necessidade de um investimento no aprimoramento das estratégias de gestão de comunicação, de marketing e administrativa são notórias. Um mercado que incha rapidamente a tendência é que se torne, se não for bem gerido, uma grande "bolha". Mais exposição na mídia e muita movimentação é o que se espera do mercado Gospel de hoje.
Espero, ainda, que as grandes gravadoras e empresas do ramo artístico ligadas ao mercado de Música Gospel invistam em ações que sejam inovadoras e diferenciadas. Isso é possível, tomo como exemplo recente a nossa feira que em apenas quatro meses de mídia conseguiu ter mais citações exclusivas no Google do que todas as outras feiras evangélicas e musicais somadas. Isto é resultado de um trabalho sério, profissional, focado e reflexo de ações pioneiras, como o quadro Gospel que fizemos na TV e a maneira de levar de forma equilibrada a informação com responsabilidade e transparência.
Hoje temos a honra de anunciar em primeira mão para o The Christian Post que em nosso Salão Internacional Gospel, que acontece de 12 a 14 de Abril de 2012 em São Paulo, no Centro de Exposições Imigrantes, vamos fazer o primeiro grande Festival para a descoberta de novos talentos musicais, o SING FESTIVAL, em três categorias simultâneas (dança, cantores e bandas), e o melhor: com inscrições GRáTIS. Não vamos cobrar um real sequer de quem quiser participar, pois foi a maneira que encontramos de investir no mercado em que atuamos, servindo como uma vitrine viável para que possam florescer novas pérolas e diamantes musicais. Os 10 finalistas de cada categoria vão se apresentar no Auditório Principal. E isto é apenas mais uma das grandes coisas que Deus tem colocado no nosso coração para ajudar a fortalecer a Música Gospel e a Igreja de Cristo na Terra. Ano que vem tem muita coisa boa ainda por acontecer, mas ainda não tenho autorização para contar (risos).
CP: Quais os cuidados a serem tomados pelos artistas e pelos ouvintes?

Marcelo Rebello: Na palavra de Deus, existe um ensinamento interessante: "Ouça, analise e retenha o que é bom". Ou seja, os principais cuidados a serem tomados tanto pelos que fazem a Música Gospel quanto pelos que a escutam é ouvir atentamente a mensagem, procurar discernir o que é bom do que é ruim e, principalmente, confrontar a mensagem que está sendo cantada com a verdade absoluta, que é a Palavra de Deus.
O ritmo, neste caso, é o que menos importa. Creio que existem momentos para se fazerem shows evangelísticos, onde a tônica é o entretenimento saudável. E isto não é pecado, se for feito da maneira correta, pois é muito melhor nossos jovens estarem se divertindo de forma saudável ouvindo a mensagem de Deus do que estar em ambientes onde reina a música vulgar, as drogas e o álcool, que geralmente levam às brigas e demais problemas sociais contemporâneos na nossa juventude e adolescência. Assim como existem momentos para se congregar os irmãos, no templo, e juntos louvar e adorar a Deus, bem como é importante a presença da boa Música Gospel nos momentos em família e com os amigos e pessoas que amamos. Enfim, tudo que é feito com equilíbrio é sempre muito bem-vindo!
Gostaria de agradecer pela oportunidade de tecer comentários sobre assuntos tão relevantes e parabenizar o The Christian Post pelo trabalho excelente. Em segundo lugar, gostaria de dizer que fazer parte desta história da Música Gospel no Brasil, colaborando ativamente para o crescimento e expansão da fé cristã por meio da mensagem musicada é muito mais do que poderia imaginar para a minha vida.
O Salão Internacional Gospel, o Museu da Música Gospel, nossa agência MR1 e a nossa nova gravadora, que têm priorizado a descoberta e a geração de oportunidades para os novos talentos deste segmento se tranformou numa grande causa: glorificar o nome de Jesus Cristo com tudo isso. Costumo dizer que Deus é o compositor, Jesus o grande Maestro, o Espírito Santo a orquestra e nós, os intrumentos que de vez em quando precisam ser devidamente afinados para produzir o som das melodias celestes que saem do coração de nosso amado Pai de Amor.

VIA GRITOS DE ALERTA
INF. CRISTIAN POST

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