segunda-feira, 28 de março de 2011

CUIDADOS AO TRAZER PREGADOR DE FORA




Após tantas decepções, incômodos e até mesmo prejuízos, será que ainda dá para convidar pregador de fora? Será que o risco compensa?

Esta prática, se bem conduzida, pode se constituir no melhor – talvez único – tratamento preventivo contra os males do isolamento, especialmente a arrogância e a degeneração, pois, sozinho, ninguém consegue analisar e corrigir-se a si mesmo de forma adequada. Precisamos do olhar do outro, de uma voz independente, de uma reflexão esquecida, de uma crítica sincera, de novas perspectivas, de troca de experiências, de caminhos alternativos.

Ainda em sua defesa, cito alguns “pregadores de fora” mencionados na Bíblia, importantíssimos em determinados momentos da história, como Jonas e Amós, e o próprio Senhor Jesus.

Deus sempre os enviou, por isso, devemos pressupor que se trata de um recurso importante. No entanto, ao  convidá-los, a igreja deve tomar certos cuidados para minimizar os riscos. Estas perguntas podem ajudar:
- Como saber se a pessoa é um mensageiro fiel, ou um bajulador?
- Como saber se é gente séria, ou um mercenário?
- Como saber se trazê-lo neste momento é da vontade de Deus?

O MENSAGEIRO FIEL
Tem igreja que pensa que mensageiro fiel é aquele que “bate” no povo. Seria este o melhor modo de julgar? É tão fácil mexer com a consciência de uma igreja! Basta citar alguns dos erros mais comuns que estão ocorrendo por aí. É quase impossível errar.

Não é assim que se determina fidelidade; fiel é aquele que entrega
para a igreja o recado que recebeu de Deus, seja o que for, doce ou amargo.

Se uma igreja está precisando de um corretivo, é claro que a mensagem será mais dura. No entanto, se a igreja está doente, ferida, precisando restaurar a sua fé e esperança, creio que a mensagem vinda do coração do Pai seria de amor, ainda que contenha algumas exortações.

Imagine um doente grave numa cama que, ao invés de receber remédios e cuidados, leva uma surra do médico. Absurdo, não é mesmo? Não me parece razoável afirmar que Deus age assim, sem nenhuma sensibilidade para com a nossa dor.

O BAJULADOR
Ao contrário daqueles que “batem” no povo à torta e direita, há uma penca de pregadores que, para garantir uma boa oferta e novos convites, descaradamente bajulam as igrejas e os líderes que os convidam. E como sempre há gente vaidosa que adora elogio, não faltam convites para este tipo de pregador. É a combinação perfeita para Satanás, pois se a igreja estiver errando nalguma coisa, continuará em seus maus caminhos. Talvez fique até pior, pois acabará insensível à verdadeira voz de Deus. São os “tempos trabalhosos”, profetizados em II Timóteo 3.1.

A Bíblia ainda nos adverte que nos últimos dias as pessoas “não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” - II Tm 4.3-4.

Fuja dessa gente! Fuja dessa vaidade! Fuja dessa combinação!
 
GENTE SÉRIA, OU MERCENÁRIO?
Os mercenários são aqueles que a Bíblia, há 2.000 anos, já nos alertava que “farão de vós negócio com palavras fingidas” – II Pe 2.3. Seu negócio é só dinheiro. Sua conversa é puro fingimento. Suas incessantes “necessidades” são mentiras ou resultados de seu estilo de vida desgraçado.

Gente séria também precisa de dinheiro, é claro, mas faz a obra por amor e não por interesse. São pessoas coerentes, que se pautam pelo princípio ensinado em II Coríntios 12:14: “Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós”.

Cabe aqui um alerta: Têm igrejas que enchem os bolsos dos mercenários (pois estes sabem pedir e não têm vergonha de fazê-lo) e, por outro lado, tratam os pregadores sérios a pão e água. Parece um castigo. E até pode mesmo ser um castigo de Deus a estes grupos que estão “matando os Seus profetas”.

Invertam isso, meus irmãos. Se vocês querem que os mercenários nunca mais voltem, basta fechar a “torneira”. Raramente eles voltam numa igreja que lhes deu pouco lucro. Mas, para com os mensageiros de Deus, sejam generosos, com alegria e profunda gratidão, pois digno é o trabalhador do seu salário.
 
O HEREGE
Herege não é aquele que vê, pensa e fala diferente de nós. Tais divergências é até bom que aconteça, pois é este um dos motivos pelos quais devemos trazer gente de fora, especialmente de outras igrejas.

Herege é outra coisa. Herege é aquele que se desvia das Escrituras.

Se a mensagem do pregador não sai fora da Palavra, a igreja deve refletir nela, goste ou não. Mas, se contraria uma única vírgula bíblica, deve ser denunciada e rejeitada. E aqui cabe mais uma nota: Muitas igrejas já não são capazes de perceber ensinamentos heréticos, pois não estudam as Escrituras, nem meditam nas suas doutrinas.

Jesus era pregador de fora. Era de fora por que foi visitar outros povos, além dos judeus. Era de fora por que seu “reino não é deste mundo”. Era de fora por que veio do céu. Jesus era pregador de fora, mas nunca andou fora da Palavra ou da vontade de Deus.
 
A HORA CERTA
A melhor hora para convidar alguém de fora é quando a igreja se sente, de certa forma, desorientada ou estagnada, ou em conflitos internos, com dificuldades no diálogo.

Em momentos assim, a igreja precisa se reunir, orar e pedir a Deus o discernimento do “Quem” e “Quando” convidar.

Se o caso é de conflito interno, jamais convidem alguém que já esteja com a “cabeça feita”. O melhor, nestas situações, é convidar alguém totalmente alheio ao que está acontecendo.

Um cuidado também importante é os membros não postarem em seus blogs os problemas que estão sendo vivenciados em
suas igrejas, para que pregadores mal intencionados (mas muito bem treinados na área digital) não venham a se valer destas informações com fins escusos.
 
OS CUIDADOS NECESSÁRIOS
1.      Oração
Orem bastante, pois colocar uma pessoa errada no púlpito da sua igreja pode render-lhes dores de cabeça por um bom tempo.

2.      Honestidade
Não convidem pregador de fora para atrair pessoas visando o crescimento numérico da igreja. Leiam o artigo "Evento ou É vento?", que trata das motivações para convidar pregador de fora.

3.      Investigação
Com tantas redes de relacionamento e informações à disposição hoje em dia, as igrejas não têm mais dificuldade em investigar preventivamente o caráter da pessoa que vai ser convidada. Não se impressionem com o “brilho” dos sites. Vão a fundo. Melhor prevenir que remediar. Creio que nenhum homem ou mulher de Deus se sentirá ofendido em prestar-lhes informações sobre:
- Sua conversão.
- Sua formação acadêmica.
- Sua igreja (cuidado com pregador ou cantor “itinerante”, isto é, sem igreja). Peça o nome e o telefone da sua igreja/pastor.
- Seu trabalho secular.
- Sua família.
- Seus 3 últimos convites (com data, nome e telefone das igrejas/pastores que os convidaram.) Telefonem para estes lugares, confirmem as informações e peçam reverência.
- Suas contribuições ao reino de Deus (tipos e áreas em que mais atua, livros e artigos, CD e DVDs). Se possível, peça alguns dos seus textos/trabalhos.
- Seus sites, blogs e redes de relacionamento.
- Etc.

4.      Discernimento
Mesmo que tudo esteja “direitinho”, continuem orando, pois o discernimento espiritual é um dom perfeito dado pelo Espírito Santo à igreja visando justamente isso, que ela não caia em engodos.

5.      Acertos preliminares
5.1 - As questões financeiras
Devem ser discutidas com clareza, antecipadamente. O natural é que a igreja hospedeira pague as despesas com transporte, alimentação e hospedagem, além da oferta, que deve expressar a sua gratidão e  generosidade.

Ainda tenho muita dificuldade com pregadores e cantores que cobram cachê ou forçam a venda de produtos e/ou serviços, mas, se for este o caso, estabeleçam regras e valores bem definidos. Se vai haver cobrança de taxa de inscrição, venda de materiais e/ou produtos pessoais, como livros, apostilas, CDs, DVDs etc.

As despesas com transporte (passagens e traslados, ida e volta, estacionamento de aeroporto na origem ou táxi ou ônibus, combustível e pedágios para carro etc.) devem ser pagas antes da viagem. No pior dos cenários, os convidados ficam com a opção de dar meia-volta e voltarem para suas casas.

Acertem com antecedência se o convidado vem sozinho ou se pode trazer outras pessoas com ele. Quanto mais gente, mais despesas.

Peguem recibo de tudo o que for pago, com data, nome por extenso e CPF do recebedor.

5.2 - Hospedagem
O melhor é que os convidados fiquem em hotel ou casa de retiro, acertando-se com antecedência o local. Ao invés de ficar responsável pelo fechamento da conta, o mais prudente é a igreja dar aos convidados o dinheiro das diárias, para evitar surpresas desagradáveis.

Se a hospedagem vai ser em casa de irmãos, os cuidados devem ser redobrados. Cuidem da aparência do mal e do próprio mal em si. Não coloquem convidados estranhos em casas de irmãos. Coisas ruins já aconteceram por aí, em situações semelhantes.

Não cansem os convidados. Só optem por esta solução se não houver hotel disponível e se na casa onde os convidados vão ficar houver um quarto ou kitnet em separado. É muito desgastante para os convidados e para as famílias hospedeiras ficarem o dia inteiro “fazendo sala” uns para os outros.

E não humilhem os convidados. Não os coloquem em qualquer lugar. Eles não são obrigados a dormir em ambientes sujos, embolorados, fedidos, em casas fechada a dias ou meses e coisas do tipo.

5.3 - Alimentação
Aqui neste item as igrejas costumam errar ao submeter os convidados a dietas estranhas demais para eles, obrigando-os, praticamente, a provar todos os seus pratos típicos.

Perguntem aos convidados, antecipadamente, o que preferem comer. Se houver algum exagero em suas exigências, procurem chegar a um meio-termo. Se não houver acordo, cancelem o convite.

Em geral, os convidados mais experientes preferem alimentação leve e saudável, para não incorrerem em riscos alimentares desnecessários, que podem acabar com a sua missão antes mesmo dela começar.

5.4 - Divulgação
Geralmente quem banca esta despesa é a igreja hospedeira, mas, dependendo do combinado, elas podem ser rateadas entre as partes interessadas em explorar o evento economicamente.

Neste item podem estar relacionados os cuidados com a organização, divulgação, preparação do local, inscrições, recepção, intercessão, alimentação, limpeza, som etc.

6.      Outros cuidados
- Envolva a igreja desde o início, levando-a a refletir na necessidade ou não de se convidar alguém de fora, no preparo espiritual e emocional da igreja, nas orações e jejuns em favor dos convidados etc. Quando chegar a ocasião, a igreja estará aguardando com ansiedade e compromisso.

- Cuidem que os convidados tenham tempo para repouso, orações e estudo. Não os cansem com atividades extras, conversas até alta noite, atendimentos particulares etc.

- Dêem aos convidados condições para que cumpram a missão para a qual foram convidados.

- Tomem cuidado com os convidados que entendem de tudo, fazem de tudo, ministram de tudo.

- Não "usem" pessoas de fora como árbritos de seus conflitos internos. Um bom pregador pode não ser, necessariamente, um bom conciliador
.

- Combinem com os convidados a questão dos horários de início e fim das atividades, e de quais providências serão tomadas, caso eles excedam o horário.

CONCLUSÃO
Tudo isso pode parecer um pouco exagerado, mas “os dias são maus” e todo cuidado é pouco. No entanto, este artigo não foi escrito para desanimar. Ao contrário, foi escrito para ajudar, para que essa prática tão antiga do povo de Deus continue a existir nos séculos vindouros, até a volta do Senhor. Quando, então, não haverá mais necessidade de pregador de fora, pois "quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também"
(João 14:3).
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Pr Ronaldo Franco
Presidente do COPEB

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