quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Wikileaks promete documentos sobre Vaticano





Religiões também se encontram na mira da organização especializada em divulgar documentação secreta.

Um jornalista empregado pelo Wikileaks para ajudar a divulgar a documentação que tem estado a ser revelada ao longo destes dias garante que nas próximas semanas surgirão telegramas relativos ao Vaticano.

Segundo James Ball, entrevistado pelo jornal britânico Daily Telegraph, alguns dos telegramas diplomáticos americanos fazem referência à Santa Sé. O jornalista não especifica, mas alguns órgãos de comunicação avançam que se trata de comentários entre diplomatas sobre o escândalo de abusos sexuais que afectou a Igreja Católica este ano.

Há dois dias o jornali italiano La Stampa dava conta de uma série de telegramas da altura do conclave, em 2005, com especulações sobre o perfil de um futuro Papa e as suas prioridades. Após a eleição de Bento XVI trocaram-se uma série de impressões sobre a sua personalidade. Após algumas primeiras reacções mais preconceituosas, um diplomata descreveu-o como "admiravelmente humilde, espiritual e de fácil relação", quando finalmente o conheceu pessoalmente.

Eventuais referências ao Papa e ao Vaticano não serão as únicas de tom religioso neste lote de telegramas publicados. Uma série de comunicações sobre a Turquia revelam um grande interesse da parte dos EUA na importância do Islão na política externa daquele país, e no Partido que chefia o Governo nesta altura.

De acordo com a Wikileaks a delegação americana em Ankara é a maior fonte de comunicações publicadas pelo site, com 7918, depois do Gabinete do Secretariado de Estado americano com 8017.

“Isto quer dizer que o país está a focar-se mais no mundo muçulmano e na tradição islâmica na sua política externa? Sem dúvida”, pode ler-se num dos telegramas.

Saudades de Al-Andaluz
Outro, que é citado pela Reuters, analisa as facções dentro do Partido AK, explicando as tendências religiosas dos diferentes deputados, afirmando que os altos quadros do partido pertencem na sua maioria a irmandades islâmicas oficialmente proibidas.

Numa das revelações mais interessantes cita-se o comentário de um membro influente do AK que terá expressado a crença de que o papel da Turquia no mundo é de espalhar o Islão na Europa “para recuperar a Andaluzia e vingar a derrota às portas de Viena em 1683”.

Finalmente, numa análise ao Islão praticado no país nesta altura, descobre-se que na visão dos diplomatas norte-americanos a religião encontra-se: “estupidificada, cheia de hipocrisia, ignorante e intolerante quanto à presença de outras religiões na sociedade, e incapaz de expulsar aqueles que a politizam num sentido radical e anti-ocidental.”

Os clérigos, esses, são na sua maior parte “pouco educados e sempre dispostos a inserir sentimentos anti-cristãos ou anti-judaicos nos seus sermões”. Os muçulmanos dispostos a desafiar as leituras radicais e violentas do alcorão e da tradição islâmica são “excepcionalmente poucos”, lê-se ainda.

Embora o lote de documentos que estão a ser divulgados agora seja essencialmente político, no passado algumas religiões e seitas já viram material seu a ser divulgado pelo Wikileaks. Foi o caso da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, conhecidos como Mórmones, e ainda da Igreja da Cientologia. Ambas as instituições processaram o Wikileaks quando esta publicou material seu que deveria ser reservado a um grupo restrito de fiéis, incluindo uma gravação áudio de uma cerimónia num templo Mórmon.


Filipe d'Avillez

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