sábado, 18 de dezembro de 2010

Sudão diz que investigará vídeo em que policial chicoteia mulher----////----Sudan says it will investigate a video in which police whipping a woman


Tariq Saleh
Direto de Beirute
O governo do Sudão disse nesta quarta-feira que investigará um vídeo que supostamente mostra uma mulher sudanesa implorando e chorando enquanto é chicoteada em público por um policial. As autoridades judiciais do país disseram que instauraram um inquérito para apurar o fato.
O vídeo, colocado no site YouTube, já vinha circulando há dias na internet, e as imagens mostravam uma mulher em um longo vestido preto e cobrindo a cabeça com um véu islâmico sendo chicoteada por dois policiais em uniformes azuis, vestimentas usadas pelos oficiais do governo.
"Uma investigação foi iniciada imediatamente a respeito do incidente com base nas imagens vistas no vídeo na internet. Implementaremos sanções que vão contra o que está previsto no código criminal do país", dizia uma nota do Judiciário publicada por vários jornais controlados pelo governo.
As imagens foram feitas pelo que se acredita ser um cidadão que passava pelo local. A pessoa filmou o momento em que um dos policiais disse para a mulher, ainda não identificada, que sua sentença era de "50 chibatadas". Enquanto ela suplicava ao policial, outras pessoas riam em frente à câmera depois que perceberam que o incidente estava sendo filmado.
Autoridades sudanesas incialmente amenizaram o fato. O chefe-assistente de polícia, Adel Al Agib, chegou a declarar para a emissora Al Arabiya TV, de Dubai, que o vídeo foi feito para coincidir com o Dia Internacional de Direitos Humanos, comemorado no dia 10 de dezembro, para difamar o Sudão. No entanto, o prefeito de Cartum, Abdul Rahman Al Khedir, disse depois para o canal de televisão independente Blue Nile que a mulher foi "devidamente punida de acordo com a lei sharia (islâmica), mas a violação da lei pelos policiais estava na maneira como sua punição foi feita".
Khedr disse também que seu país não permitiria que o incidente fosse "politizado". No norte do Sudão, as leis são baseadas na sharia, leis islâmicas tradicionais, e punições para crimes como adultério, prostituição ou abrir negócios como bordéis podem incluir até 100 chibatadas.
De acordo com os jornais do país, não se sabe ainda qual crime a mulher do vídeo teria cometido, mas, logo no início das imagens, ela recebe a opção de se agachar ou cumprir dois anos de prisão.
As chibatadas em público foram criticadas pela União de Mulheres Sudanesas, organização anti-governo que divulgou uma nota chamando o incidente de "vergonha, desonra e humiulhação a todas as mulheres sudanesas".
Falando por telefone ao Terra, o ativista Anwar Bashir, do Instituto de Direitos da Criança e da Mulher em Cartum, disse que o incidente mostra a atual situação das mulhres no país, sujeitas a punições baseadas em leis não muito claras e que nada tem a ver com Islã. "Há anos que entidades de direitos humanos vêm pedindo por reformas e clarificações no sistema legal e nas leis referentes à 'indecência' e outras infrações".
Ele também disse que um tratado de 2005, que encerrou a guerra civil de 21 anos entre o norte e o sul, previa reformas legais para fortalecer os direitos humanos e a reflexão da diversidade religiosa, mas que os trabalhos ainda não foram completados.
"Deve haver definições e orientações. A lei serve para proteger as pessoas, não para tomar delas os seus direitos", salientou. "Estes policiais não teriam feito a essa mulher o que fizeram se não tivessem um aval do governo ou se houvesse leis mais claras e justas", disse.
Cerca de 30 mulheres foram presas na última segunda-feira enquanto protestavam contra o incidente em frente ao Ministério da Justiça, em Cartum.
Em 2009, uma repórter e funcionária das Nações Unidas no Sudão, Lubna Hussein, foi presa e sentenciada a 40 chibatadas por "roupas indecentes" quando ela vestia uma calça jeans folgada. A sentença foi criticada por organizações de direitos humanos locais e internacionais, levando o tribunal sudanês a revertê-la para uma multa de US$ 200.

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