sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DOS EVANGÉLICOS


"Portanto, não se deve pôr em dúvida que o poder civil é uma vocação, não somente santa e legítima diante de Deus, mas também mui sacrossanta e honrosa entre todas as vocações" - João Calvino

INTRODUÇÃO: A Presença Política dos Evangélicos

O Censo de 2000 calcula em 35 milhões os evangélicos no Brasil, sendo dois terços ligados às denominações pentecostais. Provavelmente nesta próxima década haja um aumento de 30% em relação a 2000. O ritmo de crescimento é grande em todo o território nacional.

Assim, como segmento minoritário da população, até então desconsiderado pelos meios de comunicação, marginalizado ou ridicularizado por suas peculiaridades, entra na cena social, e se torna objeto dos mais diversos interesses, como é comum numa sociedade capitalista onde quem reina é o "mercado".

Se até o período da Ditadura Militar o sentimento dominante no meio evangélico era o de que política é coisa suja, pecaminosa ou "do diabo", hoje os preconceitos são superados, a vocação missionária política começa a ser incentivada, e a presença evangélica no cenário político nacional é sentida.

É importante salientar que o político evangélico não pode ser padronizado. A padronização de comportamento, além de ser uma atitude autoritária, nos conduziria a um paroquialismo mental intolerável que não se coaduna com o espírito cristão de lutar pela justiça respeitando a liberdade religiosa e a opinião dos outros. Ao contrário, no Brasil os evangélicos sempre lutaram pela liberdade religiosa e de expressão, por serem minoria e terem uma origem liberal. E, a bem da verdade, ainda que minoritariamente, neste século e meio de presença evangélica no Brasil, muitos políticos evangélicos contribuíram significativamente para o avanço da democracia participativa, procurando viver coerentemente sua fé cristã e seu compromisso com Deus em sua ética política e privada. Assim romperam com a esquizofrenia comparativa que identifica a justiça de Deus com os interesses de seu grupo religioso e se engajaram na luta pela transformação social, tomando como seus os dilemas do povo e os dramas da sociedade brasileira. Isso nos libera para participarmos de partidos políticos comprometidos com as lutas populares e nos leva a engajarmos na luta pela justiça e pelo bem comum, cuidando dos interesses da comunidade evangélica apenas naquilo que é direito de todos os cidadãos e das minorias.

O crescimento numérico e a importância dos evangélicos no Brasil e na América Latina são óbvios. Que nós merecemos ser condignamente representados não só nos Parlamentos, também não se discute. A diferença está em saber se consideramos nosso "peso político" como instrumento de barganha por privilégios ou como medida de nossa responsabilidade para com toda a sociedade diante de Deus.

Em suma, essa minoria, com vocação para ser maioria, não é mais silenciosa diante de uma realidade que nos desafia como agentes da história e não apenas como meros espectadores dela.

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