domingo, 3 de maio de 2009

A Máquina de Guerra Comercial Chinesa

Klauber Cristofen Pire

Em um dos filmes da trilogia “De Volta Para o Futuro”, o cientista protagonista ironiza sobre uma peça defeituosa de sua máquina do tempo, alegando ser a causa o fato de ter sido construída... no Japão! Como um sujeito “coroa” e desatualizado, certamente se referia ao tempo em que a ilha, num processo inicial de industrialização, produzia bens de qualidade duvidosa. A graça da ironia, claro, estava situada em um contexto em que a boa qualidade dos produtos japoneses já era mundialmente reconhecida.

Tal fenômeno também se repetiu com várias nações, inclusive o Brasil, em que o processo de melhoria da qualidade dos produtos ainda se encontra em um estágio de transição, e especialmente nos demais países conhecidos como “tigres asiáticos”, quando o capitalismo e a industrialização por lá se instalaram, mais propriamente de uma forma planejada pelo estado do que propriamente segundo uma evolução espontânea e natural do mercado: Formosa (Taiwan), Malásia, Tailândia, Cingapura, Indonésia e outros menores. Tenho que a exceção foi a Coréia do Sul, que sempre se esmerou desde o início por oferecer produtos de boa qualidade, em que pese utilizar-se prioritariamente de tecnologia de segunda mão, geralmente japonesa (não há nada de errado nisto, frise-se).

A grande questão que se levanta nos nossos dias, portanto é que, chegada a vez da China, e tendo já consolidado o seu parque industrial, seus produtos ainda continuem a ser tão exemplarmente ruins quanto sempre o foram!

Alguns exemplos, colhidos da minha própria vivência, podem ilustrar muito bem o que afirmo:

Primeiro, lembro-me de uma arandela, adquirida anos atrás – era bonita, dobrável e possuía uma lâmpada eletrônica, uma novidade para o fim dos anos 90 – pois este aparelho, quando de seu début, começou a exalar uma gás inodoro, possivelmente decorrente do aquecimento da lâmpada sobre o plástico – que me causou, durante a leitura de um livro, uma inflamação nos olhos que perdurou por mais de uma semana!

Em outra oportunidade, adquiri para a minha esposa um secador de cabelo numa loja de importados em Manaus, também bonitinho e bivolt. Muito prático, a não ser pelo fato de que, após uns poucos minutos de uso, dava pane e minha esposa só conseguia “reanimá-lo” após algum tempo de resfriamento na frente de um ventilador...

Comprei ainda outro secador, em uma loja de departamentos nacional (sem saber que era chinês) e o danado produzia um som altamente estridente, possivelmente irregular para os órgãos certificadores, e ao fim de uns poucos meses, restou queimado.

Recentemente, uma certa coceira acometia-se em minha mão, quando percebi que a causa era o cabo do guarda-chuva que eu carregava. Ocorre que o seu cabo era composto de um plástico cuja camada superficial, já desgastada pelo uso, expunha seu interior, no qual era possível observar a presença de partículas metálicas. Possivelmente se tratava de um plástico reciclado sem o menor cuidado com a toxidade. Ainda no ano passado, em palestra havida em Curitiba para os servidores da Receita Federal do Brasil por associações de fabricantes nacionais , fomos informados de que até mesmo bonecas de brinquedo eram construídas com material reciclado – pasme - com material de lixo hospitalar!

Por que será que tem ocorrido assim? Certamente que o baixo preço das quinquilharias chinesas, tornado possível graças a salários miseráveis ou ao uso de mão de obra de presidiários, tornam-nas atrativas para o povão, mas esta estratégia não haveria de persistir bem-sucedida quando a maior parte dos consumidores começasse a rejeitar estes produtos.

Uma tentativa de explicar este sucesso pode ser aventada – e investigada por quem tenha maiores recursos e interesse para tal – quando atentarmos para o que chamo de “técnica de exportação dos importadores”. De fato, com relação aos demais países que entre si praticam comércio, a exposição de produtos uns com os outros se dá de forma tradicional, por meio da qual os importadores se interessam e celebram os seus negócios. Com os produtos chineses, todavia, é larga a ocorrência justamente de chineses entre os principais importadores. Isto me leva à seguinte teoria: A China exporta, por meio da emigração, cidadãos chineses; este, por sua vez, são capitalizados e promovem diretamente as importações para revenda no mercado interno dos países em que atuam.

A China desconhece direitos trabalhistas, direitos de propriedade, de marcas e patentes, especificações sanitárias e toxicológicas adequadas, cuidados ambientais, e seus produtos não raro estão no mercado nacional por conta do descaminho fiscal. Tudo isto acontece em um cenário em que estas exigências, nos países democráticos, são exorbitadas às raias do bizarro, inviabilizando os empreendedores honestos por meio da criminalização intencional de suas atividades.

Nos anos 90, uma prática protecionista européia, batizada como ISO 9000, pretendia, mediante alegações de proteção à qualidade, restringir o ingresso dos produtos e serviços de países emergentes, mais baratos e competitivos e às vezes, até mesmo, melhores. A esta forma de protecionismo velado, denominado de “não-alfandegário”, por não se utilizar diretamente de empecilhos tais como a incidência de tributos ou imposição de cotas de importação, mas largamente utilizada pelos governos dos países como uma saída não oficial para a prática do protecionismo, as empresas brasileiras conseguiram responder com o atendimento das exigências regulamentares ditadas pela ISO (International Organization for Standardization), o que, às vezes, até mesmo incluiu a necessária melhoria da qualidade dos seus produtos, de modo que, em poucos anos, praticamente todas as empresas voltadas ao comércio exterior conseguiram seus certificados de qualidade total.

Todavia, hoje enxerga-se uma guerra comercial de nível muito mais avançado, no tanto em que os países civilizados - inclupidos aí o Brasil - têm o seu parque industrial praticamente impedido de prosperar - e até mesmo sujeito a se deprimir, por conta do movimento do aquecimento global e do chamado “mercado de carbono”, enquanto as indústrias chinesas produzem livre de qualquer constrangimento toda sorte de porcarias sem o mínimo controle e impedimento por parte das nações onde ainda predominam práticas leais de comércio.

Tenho muita preocupação, principalmente, com a entrada de alimentos e produtos de higiene, que já pude constatar, tal como pirulitos, clicletes e batatas-fritas e saboenetes, pastas dentais, batons e perfumes. Rogo a todos os pais que tenham a máxima atenção com isto, verificando a origem nas embalagens. Vocês e seus filhos podem estar correndo perigo.

Fonte: www.libertatum.blogspot.com

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